sábado, 7 de maio de 2016

COMO ACONTECE A CURA DO CONCRETO



A nova norma de "Execução de Estruturas de Concreto" NBR 14931/2003, recomenda que a cura deva se estender por um período até que o concreto atinja resistência de 15,0 MPa. Recomenda-se na prática manter a cura por no mínimo cinco dias. Quanto melhor a cura maior a durabilidade do concreto. Uma laje recém concretada, exposta ao sol e seca, nunca deve receber um jato de água. O choque térmico é pior que não fazer cura.
O tempo de duração da cura depende das condições ambientais locais (temperatura, umidade, ventos, etc.), da composição do concreto e da agressividade do meio-ambiente durante o uso (esgoto, contato com água do mar, etc.).

Relação água – cimento

Funções da pasta:

Estado fresco – envolver os agregados, preencher os vazios entre agregados e comunicar uma certa mobilidade ou fluidez à mistura.
Estado endurecido – aglutinar os agregados, conferindo impermeabilidade, resistência mecânica e durabilidade.
A tabela apresenta o tempo mínimo de cura recomendado em função do tipo de cimento usado e da relação água/cimento (a/c) empregados.

Tipo de Cimento Relação água/cimento
0,35
Baixa trabalhabilidade
CP I e CP II 2 dias 3 dias 7 dias 10 dias
0,55
Alta trabalhabilidade
CP IV 2 dias 3 dias 7 dias 10 dias
0,65
Alta trabalhabilidade
CP III 2 dias 5 dias 7 dias 10 dias
0,70
Alta trabalhabilidade
CP V-ARI 2 dias 3 dias 5 dias 5 dias

A duração da cura deve ser de pelo menos 07 dias, no caso de cimento Portland comum (pois nesse período o cimento irá desenvolver aproximadamente 60% da sua resistência final) e de 14 dias, no caso de cimento Portland de alto-forno e pozolânico.

A relação água/cimento tem influência nas seguintes propriedades do concreto:

• Trabalhabilidade

Grande influência, pois, se aumenta a relação água cimento aumenta-se a trabalhabilidade do concreto.


• Porosidade

Refere-se à quantidade de poros no concreto. Ao moldar um corpo de prova, visualmente o individuo consegue avaliar se está muito poroso ou não, e no ensaio de rompimento consegue-se essa porcentagem de poros em relação à sua massa. É importante evitar que o concreto tenha porosidade, pois pode prejudicar muito sua resistência à compressão.



• Permeabilidade

Refere-se às passagens capilares no concreto, ou seja, que se pode penetrar. Assim como a porosidade, tem relação direta na resistência à compressão.

• Resistência à compressão

A resistência da pasta é o principal fator de influência na resistência à compressão.

• Durabilidade

Quanto menor a relação água/cimento, mais duráveis serão as estruturas. Lembrando que, quanto maior a relação água/cimento maior será a trabalhabilidade, porém, proporcionalmente será menor a resistência do concreto.

Lei de Abrams

- Estabelecida experimentalmente
-  Estabelecida em função do tipo de cimento
-  Não considera a influência do agregado



R = resistência do concreto
x = relação água/cimento
A e B = constantes empíricas


                                      Gráfico relação água/cimento x Resistência à Compressão


Lei de INGE LYSE

Para concretos fabricados com os mesmos materiais e mesma relação de agregados e com mesmo slump, H é um número praticamente constante, independentemente do traço.
 
- Determinação da consistência do concreto
-   Determinação do consumo de cimento/m3de concreto
-   Determinação da massa específica do concreto


X = relação água/cimento
m+1= quantidade de material seco (agregado+cimento)



Considerações finais

A relação água/cimento tem influencia direta na resistência do concreto que deseja-se obter. O primeiro passo é definir à classe de agressividade ambiental em que a estrutura estará inserida, a partir desse dado encontraremos o FCK (índice de resistência à compressão) mínimo para obra, e então a relação água/cimento ideal.

Espero ter contribuído com seu aprendizado meu caro leitor. Qualquer dúvida entre em contato conosco, seja para saber mais sobre uma norma ou sobre nosso assunto aqui explicitado. Até a próxima!

quinta-feira, 5 de maio de 2016

ROTULAGEM AMBIENTAL

1.      Rotulagem Ambiental: O que é isto?

Consiste, basicamente, na atribuição de um selo ou rótulo a um produto ou serviço para informar a respeito dos seus aspectos ambientais. Tais produtos ou serviços devem apresentar menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos ou serviços comparáveis e disponíveis no mercado.
A rotulagem ambiental procura, com base na informação acurada e verificável sobre os aspectos ambientais de produtos e serviços, encorajar a demanda por aqueles que causem menores efeitos ao meio ambiente, estimulando o potencial para melhoria ambiental contínua orientada pelas forças de mercado.

2.      A Importância da Rotulagem Ambiental


O desenvolvimento sustentável é um desafio de grandes proporções. De alguma maneira, o planeta, já saturado com quase sete bilhões de habitantes, terá de suportar os nove bilhões previstos para 2050.
Nessa jornada, as declarações ambientais apresentam-se como importantes aliadas, pois, ao mesmo tempo em que valorizam junto ao consumidor o desenvolvimento do setor produtivo, convidam a sociedade a repensar seus hábitos de consumo. Mas não é tão simples assim. Declarações incompletas, equivocadas ou mal intencionadas podem levar os consumidores para uma solução menos sustentável, ou até mesmo a deixar de acreditar nas informações fundamentadas, desestimulando o engajamento e mudança de atitude. Por isso, não é correto rotular produtos ou embalagens com mensagens vagas, sem possibilidade de comprovação ou com aspectos irrelevantes frente ao impacto total da cadeia.
Toda decisão de comunicar um benefício sustentável deve ser suportada pela análise completa dos efetivos ganhos ambientais comparados, por exemplo, à alternativa oferecida anteriormente ao consumidor. A autodeclararão ambiental - oferece às empresas a flexibilidade e autonomia de comunicar sem a necessidade de certificação por terceiros. Porém, junto a essa vantagem, vem a responsabilidade de rotular com verdade e respaldo científico. Quando uma empresa elabora a auto declaração ambiental, tanto sua reputação como o meio ambiente são postos em jogo.

2.1. Eco-Labelling X Certificação Ambiental (Eco-Certification)


• Rótulo – Voltado para os consumidores.
• Certificação – Voltada para a indústria de recursos, para a venda por atacado (comunidade compradora). Não está direcionada para consumidores varejistas.
Certificação ambiental - Comprovação de que determinado órgão empreendedor produtor, está em conformidade com a Lei nº 6938 de 31/08/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

2.2.  Rotulagem Ambiental: Objetivos


Proteção do Meio Ambiente – Influenciam as decisões dos consumidores de modo a encorajar a fabricação e o consumo de produtos menos agressivos ao meio ambiente;
Promoção da Inovação ambientalmente sustentável na indústria - Proporcionam o incentivo mercadológico para as empresas introduzirem tecnologias inovadoras e sustentáveis do ponto de vista ambiental, bem como posições de liderança em relação aos aspectos ambientais;
Conscientização Ambiental dos consumidores – É considerada meio idôneo e confiável para dar visibilidade no mercado aos produtos ou serviços preferíveis do ponto de vista ambiental.

3.      Diferença entre Simbologia Técnica de Materiais e Rotulagem Ambiental


Simbologia Técnica de Materiais e Rotulagem Ambiental diferem quanto à função e objetivo.

3.1. I - Rotulagem Ambiental


A rotulagem ambiental é uma ferramenta de comunicação que objetiva aumentar
O interesse do consumidor por produtos de menor impacto possibilitando a melhoria ambiental contínua orientada pelo mercado. Esse tipo de rotulagem agrega um diferencial e, por isso mesmo, deve ser usado com ética e transparência para não confundir, iludir e nem tampouco distorcer conceitos sobre preservação ambiental aliada à sustentabilidade socioeconômica.

Função: Comunicar os benefícios ambientais do produto/embalagem
Objetivo: Estimular a demanda por produtos com menor impacto ambiental, promovendo educação e desenvolvimento sustentável.

3.2.II - Simbologia Técnica de Identificação de Materiais


A Simbologia Técnica de Identificação de Materiais foi criada para facilitar a identificação e separação dos materiais, fortalecendo a cadeia de reciclagem. Todas as embalagens devem conter esta identificação técnica, mesmo que na prática nem todas sejam enviadas para reciclagem por não existir processos técnicos ou economicamente viáveis na região em que foram descartadas.
Dessa forma a Simbologia de identificação de material não é rotulagem ambiental e nem garantia de que o material será reciclado. Sendo assim, os símbolos devem ser empregados acompanhados somente da denominação do material, evitando-se a inclusão de adjetivos como “Reciclável”, pois passaria a configurar rotulagem ambiental.
A ausência de simbologia ou o uso incorreto podem prejudicar o processo de reciclagem de outros materiais e o desperdício de materiais recicláveis.

Função: Identificar o material
Objetivo: Fortalecer a cadeia de reciclagem e revalorização de materiais

3.3. III - Simbologia Técnica de Descarte Seletivo


Visando a contribuir para a comunicação com o consumidor na orientação sobre o descarte seletivo das embalagens, em iniciativa da ABRE e do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), em 2009 foi incorporado aos anexos da norma ISO 14021 o símbolo do Descarte Seletivo, que pode ser inserido como simbologia técnica acompanhado da simbologia de identificação de material.

4.      Tipos de Rotulagem Ambiental


Atenta à necessidade de normalizar a relação entre produtos e consumidores ou relações B2B (business to business), a International Organization for Standardization (ISO) criou a série de normas 14020 que, além de descrever os princípios gerais (ISO 14020:2000 e ABNT NBR ISO 14020:2002), regulamenta o desenvolvimento e uso dos rótulos e declarações ambientais em três tipos:

• Rotulagem Ambiental do Tipo I
• Autodeclarações Ambientais (Rotulagem do Tipo II)
• Declarações Ambientais do Tipo III

As declarações ambientais podem assumir a forma de textos, símbolos ou gráficos impressos no produto ou no rótulo da embalagem ou em literatura do produto, boletins técnicos, propaganda, publicidade, telemarketing, bem como na mídia digital ou eletrônica, como a Internet.

4.1. Rotulagem Ambiental do Tipo I

ISO 14024:1999 e ABNT NBR ISO 14024:2004


Essa norma “estabelece os princípios e procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental do Tipo I, incluindo a seleção de categorias de produtos, critérios ambientais e características funcionais dos produtos, e parâmetros para avaliar e demonstrar sua conformidade. Essa norma também estabelece os procedimentos de certificação para a concessão do rótulo”.
A seguir são apresentados alguns dos selos ambientais adotados em diferentes países para identificar produtos “com menor impacto ambiental” se comparados com os similares em suas categorias, baseados num conjunto de critérios e definidos por estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). 

4.2. Autodeclarações Ambientais (Rotulagem do Tipo II)

ISO 14021:1999 e ABNT NBR ISO 14021:2004


Foco desta cartilha, essa norma especifica os requisitos para autodeclarações ambientais no que se refere aos produtos, incluindo textos, símbolos e gráficos. Além da metodologia de avaliação e verificação geral para autodeclarações ambientais e métodos específicos de avaliação e verificação para as declarações selecionadas na própria norma, ela descreve também os termos usados comumente em declarações ambientais e fornece qualificações para o uso deles.

4.3. Declarações Ambientais do Tipo III

ISO 14.025:2006

A Declaração Ambiental do Tipo III, mais comum em relações B2B, exige a avaliação de ciclo de vida segundo as normas da série ISO 14.040 (ABNT NBR ISO 14.040 e 14.044, 2009).



 

5.      O Sistema ISO de Rótulos Ambientais

 

5.1. ISO Tipo I (ISO 14021)


• Comparam os produtos com outros da mesma categoria. São concedidos aos produtos ambientalmente preferíveis devido a certos aspectos de seu ciclo de vida (ACV);
• São multicriteriosos;
• São certificados por partes totalmente independentes da fabricação e comercialização dos produtos (Instituições Governamentais, Instituições do setor privado ou Organizações sem fins lucrativos).
• Estabelecimento de monitoramento dos critérios por meio de auditoria. Especificam normas. ISSO

5.2. ISO Tipo II (ISO 14024)


• Reinvindicações ambientais são feitas diretamente pelas partes que se beneficiam (fabricantes, varejistas, distribuidores, importadores). (Auto –Declaração).
• Não são certificados por partes independentes. São certificados por partes vinculadas diretamente com a fabricação e venda do produto.
• Não usam critérios estabelecidos e aceitos como referência.

5.3. ISO Tipo III (ISO 14025)


• Listam critérios de impactos ambientais para os produtos considerando seu ciclo de vida.
• Não estão diretamente vinculados a sua fabricação ou comercialização (Associações Comerciais).
• O julgamento do produto cabe ao consumidor.
• Não têm padronização para alcançar. As categorias são estabelecidas pelo setor industrial ou por partes independentes. (Ciclo de vida Total?) Ainda estão em discussão.


6.      Benefícios da Rotulagem Ambiental

6.1. Benefícios Ambientais

• Redução de problemas e de impactos ambientais;
• Melhora do desempenho ambiental (além do requerido por lei);

6.2. Benefícios Sociais

• Aumento da satisfação do consumidor e melhoria das condições de vida: saúde, felicidade espiritual, etc;

6.3. Benefícios econômicos

• Aumento do “market share”; aumento da competitividade;
• Reconhecimento da liderança do mercado; aumento da capacidade de inovação do produto.

6.4. Oportunidades

• Identificação de liderança;
• Maior comunicação e visibilidade;
• Acesso mais fácil a mercados mais nobres;
• Melhoria de exportações;
• Credibilidade nos mercados;
• Melhoria do desempenho ambiental;

6.5. Desafios

• Necessidade de cooperação na cadeia produtiva;
• Cumprimento dos requisitos dos critérios;
• Necessidade de credenciar, ser auditado, manter o selo;
• Financiamento dos custos;

6.6. Potenciais Reflexos Positivos

              • Melhora a competitividade dos produtos em relação aos concorrentes mais defasados no tratamento das questões ambientais; 

• Promove o desenvolvimento de tecnologias próprias e a consequente comercialização de serviços ambientais; 
 •Amplia o mercado para novos produtos desenvolvidos a partir do uso sustentável dos recursos naturais;
• Possibilita a obtenção de preços diferenciados como compensação aos investimentos realizados;
• Potencializa as vantagens comparativas e absolutas do país em termos de recursos naturais disponíveis;
• Promove a atração de investimentos em razão da melhor imagem do país no exterior.
• Diminui os custos com seguros.

6.7. Potenciais Reflexos Negativos

• Diminui a competitividade de outros exportadores tradicionais do país;
• Dificuldade de adaptação das micro e pequenas empresas;
• Tecnologia e serviços ambientais importados;
• Custos de manutenção;
• Custos para adequação;
• Muitos setores veem entraves e barreiras não tarifárias.

 Estações de reciclagem















7.      Bons exemplos com as auto-declarações

A seguir são apresentados bons exemplos de auto-declarações ambientais que seguem os padrões da ISO, da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas e demais simbologia padronizada pelo mercado nacional. O consumidor atento às questões ambientais já está acostumado com este tipo de simbologia.


 7.1. Aplicação da simbologia para embalagens plásticas





 
 7.2. Aplicação da simbologia para embalagens de alumínio

O consumidor já identifica esta simbologia com clareza. Ela é útil também na diferenciação em relação às embalagens de aço, auxiliando a etapa de triagem e encaminhamento às indústrias recicladoras.





7.3. Aplicação da simbologia para embalagens de aço

A simbologia para embalagens de aço já está consolidada no mercado e o consumidor a identifica com clareza. Ela também é fundamental na etapa de triagem (diferenciação em relação às embalagens de alumínio) e encaminhamento às indústrias recicladoras.


7.4. Aplicação da simbologia para embalagens longa-vida e papel-cartão

A simbologia para as embalagens longa-vida e papel-cartão está presente nos produtos envasados nessas embalagens.




7.5. Campanha anti-littering

Vários produtos contêm declarações voltadas a campanhas anti-littering, ou seja, que chamam a atenção para a necessidade de se direcionar a embalagem pós-consumo para o destino adequado, a lata do lixo. Estas campanhas são especialmente importantes para produtos consumidos em “trânsito”.



7.6. Resíduo reciclável

Frente à evolução do processo de educação ambiental do consumidor e dos programas de coleta seletiva e reciclagem, a ABRE – Associação Brasileira de Embalagem propõe uma nova simbologia que deve ser utilizada em conjunto com aquela que identifica cada material. Trata-se do símbolo Resíduo Reciclável que traz ao consumidor a mensagem de que aquela embalagem deve ser descartada seletivamente, em programa de coleta seletiva.



 7.7. Aplicação da simbologia para embalagens de vidro




7.8. Outros exemplos consagrados

Alguns produtos são identificados com símbolos adaptados por empresas e/ ou associações setoriais. Abaixo são apresentados exemplos deste tipo de declaração que ganham adesão do consumidor atento às questões ambientais.



8.      Programas de Selo Verde e demais símbolos independentes


Num programa de Rotulagem Tipo I outorga-se um selo ambiental a produtos que satisfazem um conjunto de requisitos pré-determinados. Dessa forma, o selo identifica produtos que são determinados como preferíveis do ponto de vista ambiental, dentro de uma determinada categoria de produto específica, com base em considerações superficiais do ciclo de vida. Programas de Selo Verde não têm tido êxito em diversas partes do planeta, inclusive no Brasil, devido principalmente aos seguintes fatores:
1. Impossibilidade de estabelecerem-se critérios objetivos e cientificamente defensáveis que identifiquem produtos “melhores do ponto de vista ambiental” em uma dada categoria – não há método científico que permita a integração dos variados e complexos aspectos das questões ambientais para a totalidade de uma categoria de produtos ou que reconcilie os julgamentos muitas vezes conflitantes das partes interessadas no estabelecimento dos critérios. Em consequência, as entidades certificadoras não podem avaliar de forma objetiva os aspectos ambientais dos diferentes produtos. Por exemplo, um produto pode ter um baixo consumo de energia, mas uma emissão de resíduos sólidos relativamente grandes. Outro pode gerar pouco resíduo sólido, mas causar uma maior poluição da água, e assim por diante;
2. Os Selos Verdes constituem uma barreira à inovação, tanto com relação ao meio ambiente como com relação ao melhor desempenho dos produtos – os critérios somente podem ser calcados no conhecimento existente, quer dos produtos, quer das tecnologias e das questões ambientais. Os programas de selagem ambiental codificam a sabedoria convencional e estabelecem fronteiras artificiais que desencorajam os fabricantes a explorar oportunidades não contempladas pelos critérios de selagem ambiental;
3. Os Selos Verdes treinam os consumidores a procurar símbolos, e não os informam a respeito dos aspectos ambientais específicos dos produtos que compram – os programas não encorajam os consumidores a se informar a respeito das características dos produtos nem sobre a enorme complexidade das questões ambientais, e tampouco a respeito do que podem fazer, como indivíduos, para melhorar seus hábitos de uso e disposição final dos produtos;
4. Os Selos Verdes criam barreiras comerciais porque seus critérios contemplam somente as prioridades nacionais ou regionais, e não as que têm relevância internacional – a maioria das partes interessadas vive no país ou região em que o programa é aplicado. Por essa razão, o desenvolvimento dos critérios contempla políticas ambientais, características dos produtos, dados ambientais, gestão da disposição dos resíduos e recursos de infraestrutura do país ou da região. Em consequência, os critérios não refletem a diversidade global das questões e práticas ambientais, e tendem a potencialmente estimular a discriminação contra produtos de fora do país ou da região;

9.      Considerações finais


No Brasil, a tendência é a de utilização cada vez mais ampla das auto-declarações ambientais, buscando oferecer informações precisas, relevantes e de fácil entendimento para o consumidor, seja ele o consumidor final ou mesmo na relação B2B (Business to Business). Não há relatos de programas de selo verde que tenham ganhado relevância em cenários nacionais ou mesmo regional (ex: Mercosul) – exceto no caso do setor de papel e celulose e suas florestas de replantio. O Brasil já traduziu as normas da série ISO 14020 e trabalha na confecção da Norma ISO 14025.
O consumidor brasileiro atento às questões ambientais já está familiarizado com as auto-declarações em vigor, bem como com programas de coleta seletiva tanto em nível governamental como por parte de cooperativas e/ou associações de catadores que atuam tanto na coleta quanto na triagem dos recicláveis. No entanto, há muito o quê fazer no sentido da harmonização das declarações. Muitas empresas ainda não se adequaram aos padrões descritos neste documento.
E mesmo algumas empresas ainda não harmonizaram as declarações para diferentes produtos por elas comercializados. Cabe ao Conselho de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – CONMETRO, em articulação com os diversos segmentos da sociedade, representados no Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade – CBAC, estabelecer a estrutura de avaliação da conformidade no âmbito do SBAC – Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, para a área de meio ambiente, segundo os padrões das normas ISO Série 14000, de acordo com Resolução CONMETRO no. 3 de 04/09/1995.